Livros cartoneros na Biblioteca Nacional

Na Biblioteca Nacional está até 2 de Junho a exposição “O universo dos livros cartoneros”. A mostra é comissariada por Fernando Villarraga-Eslava, da editora brasileira Vento Norte Cartonero (facebook), e pelo editor Vasco Silva.

Livros da editoria Vento Norte Cartonero

Os livros feitos um pouco por toda a Latino-América chamam a atenção nos discretos mostradores da Sala de Referência. É muito digna de visita (e de acesso gratuito). Para lá do interesse dos objectos, há a ideia de que democratizar a leitura é também democratizar a produção de livros.

Em busca da casa do nosso tempo

Na Punkto, os arquitectos João Paupério e Maria Rebelo ensaiam uma busca do sentido da casa do nosso tempo – uma casa capaz de anular a “vida fictícia” da avaliação, do julgamento e da representação. Termos-chave: autonomia, jogo, ócio produtivo, emancipação, inacabamento. Em coerência com a sua afirmação de que esta casa está por fazer, recorrem aos filósofos (Agamben, Benjamin, Huizinga, Russel, Rancière, Foucault) e a duas quase não-casas, de que apropriadamente as imagens contam muito pouco. Estímulos para a imaginação, porque a casa e a comunidade em questão estão por inventar.

A biblioteca como sítio doméstico

Na série “Habitar e viver melhor” da Infohabitar, um texto sobre os “sítios-biblioteca” por António Baptista Coelho. O que se entende por biblioteca, o que implica a biblioteca lá de casa (ou: “Bibliotecas domésticas e qualidade de vida”), a íntima relação entre casas e livros, e esta quase-utopia, a “casa-biblioteca”.

Ana Hatherly na Casa da Cerca

Até ao dia 9 de Setembro está na Casa da Cerca em Almada a exposição Ana Hatherly. O prodígio da experiência (que também ocupa a Galeria Municipal de Arte, até ao dia 12 de Maio). As obras vêm do Arquivo Fernando Aguiar, colecção centrada na poesia visual onde a artista está muito bem representada.

Histórias secretas da União Europeia

Por vezes são os explosivos mais potentes que passam com mais facilidade pelos pórticos de detecção. Há muitas obras dedicadas à crítica da União Europeia, algumas das quais bem explosivas. Mas a mais devastadora pode muito bem ser uma das mais discretas, e também nada convencional. O livro Les «Collabos» de l’Europe nouvelle, de Bernard Bruneteau, publicado nas muito revolucionárias edições do CNRS, é um trabalho meticuloso feito por um historiador que pode, com efeito, causar estragos. Mas causar estragos subtilmente, se é permitido recorrer a um oximoro.

Crítica de arte em Portugal nos anos 60 e 70

De 2009, um artigo de Ana Luísa Barão com o título “Quem tem medo da crítica de arte?", publicado na revista Estudos do Século XX (Universidade de Coimbra). O título é um pouco ao lado, uma apropriação do título de um texto de Rocha de Sousa publicado no Suplemento Literário do Diário de Lisboa de 23 de Janeiro de 1972, sem aprofundar mais o sentido da pergunta provocadora. (Deste texto só se cita a frase “A crítica é sempre destrutiva e construtiva porque é também um processo criador.") O texto de resto merecia um pouco mais de atenção – a autora não teve, aqui, a “consciência da palavra” que une escritor e crítico, numa frase citada de Prado Coelho.